Quando nos envolvemos em um processo criativo para realizar arte e política, não é necessário questionar tanto nossas habilidades. Afinal, criar uma obra e torná-la uma existência sensível nos permite nos conectar constantemente com nossa própria vulnerabilidade. Por isso, reconheço a importância da pesquisa do fotógrafo, artista e jornalista João Bertholini, que conheci através de minha amiga, a artista e ativista Neon Cunha. Vejo-o confrontando a ideologia da branquitude diante do espelho quebrado.

Com base nos novos acordos civilizacionais em discussões públicas, Neon se tornou os olhos, a pose fundamental de alguns registros e a curadora da exposição “Afetividades Ordinárias” de Bertholini, que reúne uma série de retratos de pessoas trans e travestis. A exposição estará em exibição na Oficina Cultural Oswald de Andrade, no Bom Retiro, centro de São Paulo, até sábado (05/02). Ao todo, 31 retratos foram selecionados de um acervo com mais de 200 imagens. São cenas cotidianas, demonstrações de afeto e intimidade trocada, de ativistas conhecidos a pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade.